Disciplina - Lingua Portuguesa

Português

08/05/2008

Aulas conjuntas com professores de Matemática e Português

Vila Real, 06 Mai (Lusa) - Aulas conjuntas com professores de Matemática e Português e a utilização de materiais manipuláveis na sala são algumas das estratégias usadas pelas escolas para conquistar o interesse dos alunos pela Matemática, apresentadas quarta e quinta-feira numa conferência em Lisboa.

Os casos de algumas escolas que estão a tentar despertar o interesse dos alunos pela Matemática, ao abrigo do Plano de Acção que o Governo iniciou em 2005 para combater as taxas de insucesso nesta disciplina, vão ser apresentados quarta e quinta-feira em Lisboa, numa Conferência Internacional sobre o Ensino da Matemática, na qual participam ainda especialistas internacionais, com relatos das experiências dos seus países.

Na Escola Secundária de São Pedro, em Vila Real, foram detectados problemas de 'literacia' em Matemática e, para os ultrapassar, os alunos do nono ano têm aulas de estudo acompanhado com um "par pedagógico", formado por um docente de Matemática e outro de Língua Portuguesa.

"Neste formato, em que os dois professores são responsáveis pelo que se passa na sala de aula, trabalha-se a comunicação no seu todo e especificamente a comunicação matemática", afirmou à Agência Lusa Ilda Lopes, professora de matemática há mais de 20 anos e coordenadora do projecto, realçando que "não há matemática sem interpretação, sem leitura, sem tomar decisões".

Os docentes das duas áreas trabalham em colaboração, preparando tarefas onde os alunos terão de treinar ou experimentar a sua capacidade de comunicação, escrita ou oral, a partir de diferentes formatos, tais como gráficos, tabelas, esquemas ou interpretação de dados das notícias.

O Plano de Acção para a Matemática implementado pela escola de São Pedro aposta muito nas "designadas práticas na sala de aula", segundo as quais os alunos não se limitam a ouvir o professor a expor a matéria, mas são também chamados a "experimentar, a fazer, a raciocinar".

Os estudantes podem trabalhar com os mais diversos materiais manipuláveis e tecnológicos, tais como peças (tipo lego) para construir formas geométricas - desde pirâmides, bipirâmides, prismas -, conjuntos de dados (cubos e bipirâmides), cartas lúdicas, jogos ou líquidos coloridos.

Todos os alunos dos sétimo, oitavo e nono anos têm ainda um bloco de aula por semana com dois professores de matemática, em que um docente presta assessoria ao outro, e se aposta na resolução de problemas, tarefas de investigação, trabalho de projecto, experiências aleatórias e jogos, actividades que podem ser realizadas em grupo ou individualmente.

Também na Secundária Frei Gonçalo de Azevedo, em Cascais, a experiência está a mostrar que dois professores na sala de aula duas vezes por semana - nas turmas do terceiro ciclo e ainda no quinto ano - permitem "um trabalho mais motivador e fazer com que os alunos não desistam tanto".

"Acaba por ser uma mais valia para os alunos e não só. De um ponto de vista, são dois professores a apoiar a turma e por outro lado permite aos professores reflectir e trabalhar em conjunto, o que é uma mais valia para o desenvolvimento profissional", disse à Lusa a professora Cristina Tudela.

"Temos de reflectir sobre as nossas práticas para conseguirmos evoluir a nível profissional e muitas vezes temos dificuldades, porque temos muitos alunos, muitas turmas", salientou, referindo que "dois professores na sala de aula, às vezes com visões diferentes do que é a matemática e da forma de trabalhar, faz com que as pessoas tenham de procurar as estratégias mais adequadas e permite experimentar coisas", como as novas tecnologias e outro tipo de materiais.

Entre outras vantagens, Cristina Tudela salienta que o Plano de Acção permitiu ainda uma reunião semanal entre os docentes da disciplina, a introdução de um professor de matemática para ajudar na área não disciplinar do estudo acompanhado e uma disciplina de oferta da escola, para "desmistificar o que é a matemática", através de uma grande componente lúdica.

Quanto aos resultados, as responsáveis de ambas as escolas dizem que "estes nunca se medem a três anos, medem-se sempre a médio e longo prazo".

"Não temos ainda dados que nos permitam dizer com certeza que os alunos estão a aprender mais desta forma, mas sinto que houve uma evolução muito positiva e que no geral os alunos têm mostrado mais interesse", disse Cristina Tudela.

O Plano de acção para a Matemática foi lançado pelo Governo em 2005, estabelecendo, segundo a ministra da Educação, uma série de medidas "para dotar as escolas do meios, dos recursos" para poderem desenvolver estratégias de acção próprias para melhorar os resultados dos alunos definidas de acordo com as "dificuldades diversificadas" que identificaram.

Com uma dotação de nove milhões de euros para apoios directos às escolas durante três anos, o programa envolve mais de 10 mil horas lectivas adicionais de tempo de trabalho para a matemática em cerca de mil escolas, abrangendo 395 mil alunos por ano, mais de nove mil professores de matemática e mais de 68.500 docentes de outras áreas.

Uma das primeiras dificuldades identificadas com o ensino da matemática foi a débil formação dos professores, de forma que estão neste momento a receber formação contínua nesta matéria cinco mil docentes do primeiro ciclo e ainda 1.700 professores do segundo ciclo e 1.500 no terceiro ciclo.

Desde 2005/06 já receberam formação outros 12 mil professores do primeiro ciclo.  

PLI/RCS.

Lusa/

Fonte: http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/6e025fff4f6e368a8e975f.html
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