Disciplina - Lingua Portuguesa

Português

28/04/2017

Escritoras brasileiras esquecidas

12 escritoras que foram esquecidas pela Literatura Brasileira


Por Luisa Bertrami D'Angelo

Cada vez mais nós, mulheres, ocupamos os espaços: a rua, a política, a literatura… com os avanços e a luta por direitos iguais entre homens e mulheres, vemos hoje um mundo muito maior e com mais possibilidades para as mulheres – ainda que haja muito, muito a ser feito para que realmente possamos falar em igualdade de direitos. Na literatura, as mulheres vêm lutando pelo fim da hegemonia do masculino há muito tempo. Algumas, nós conhecemos muito bem: Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Adélia Prado. Outras, como Ana Cristina Cesar ou Hilda Hilst, por mais que tenham menos destaque na boca do povo ainda se configuram como escritoras inseridas nos cânones da literatura – certamente como escritoras marginais, mas ainda assim, reconhecidas.

O NotaTerapia selecionou uma lista de 12 nomes de grandes escritoras brasileiras que, infelizmente, não figuram nos livros sobre literatura. Suas contribuições literárias e políticas foram muitas. Confira, a seguir, algumas escritoras esquecidas da Literatura Brasileira:

1 - Júlia Lopes de Almeida (1862-1934)

Foi escritora e abolicionista. Publicou seus primeiros textos na Gazeta de Campinas. Em uma entrevista a João do Rio, ela confessou que adorava escrever versos – ainda que mulheres na literatura não fosse algo visto com bons olhos à época; por essa razão, escrevia em segredo. Foi pioneira na literatura infantil, tendo seu primeiro livro, Contos Infantis, publicado em 1886 – obra escrita em parceria com a irmã, Adelina Lopes Vieira. Integrava o grupo de escritores e pensadores que planejaram a criação da Academia Brasileira de Letras (ABL), mas seu nome foi excluído na primeira reunião e seus membros optaram por uma academia exclusivamente masculina (a participação de mulheres na ABL só foi possível em 1977 – Rachel de Queiroz passou a ocupar a cadeira número 5). Júlia publicou, durante a vida, romances, contos, novelas, peças de teatro e livros escolares.

2 - Maura Lopes Cançado (1929-1993)

A mineira Maura Lopes Cançado publicou, na década de 60, seus dois únicos livros: O Hospício É Deus (1965) e O Sofredor do Ver (1968). Desde criança gostava de contar histórias. Conhecida pela comunidade literária carioca, Maura era tida como uma promessa de grande sucesso. Diagnosticada com esquizofrenia, ela passou por várias instituições de internação, e após matar uma outra paciente em uma delas, foi acusada de homicídio e internada em manicômio judiciário. Assim, foi deixada no esquecimento. Após sua libertação, não voltou a escrever.

3 - Ângela Lago (1945-)

Escritora e ilustradora nascida em Belo Horizonte, Ângela Lago tem a maior parte de sua obra dedicada ao público infantil. Alguns de seus livros são apenas de ilustrações, sem texto. Sua obra Cenas de Rua (1994) é a de maior destaque, tendo sido publicada em diversos países. Dos anos 2000 para cá, uma série de pesquisadores têm dedicado suas pesquisas à obra e vida de Ângela.

4 - Adelina Lopes Vieira (1850 – ?)

Irmã de Júlia Lopes de Almeida, Adelina Lopes Vieira foi escritora, contista e teatróloga. Escreveu 8 livros poéticos, teatrais e infantis. Apesar de ter nascido em Portugal, veio ao Brasil com um ano de idade junto da família.

5 - Georgeta Araújo (Nola Araújo) (1911-2004)


Neta do fundados d’O Guarany, Nola Araújo escreveu os romances Beijo d’água e Careta, ambos tendo Cachoeira, sua terra natal, como fundo. Também escreveu Crônicas de um tempo, coletânea de artigos publicados no jornal A Tarde e o livro de poesias Expressão.

6 - Albertina Bertha (1880-1953)

Nascida no Rio de Janeiro, Albertina Bertha aprendeu língua, estética e filosofia. Foi colaboradora de diversos jornais, entre eles a revista feminina Panóplia. Foi integrante da Academia de Letras de Manaus. Ressalta-se o posicionamento feminista da autora e de suas obras. Defensora do voto feminino e da criação de uma Academia Feminina de Letras, foi uma dura crítica à hegemonia masculina na literatura. Seu primeiro romance, Exaltação, aponta para a hipocrisia da sociedade da época e chama a atenção pelo teor erótico. Ainda que aclamado pela crítica da época, a obra e a autora caíram em esquecimento; há alguns anos, porém, pesquisadores especialmente do Sul do país têm buscado trazer à tona novamente este grande nome de nossa literatura.

7 - Teresa Margarida da Silva e Orta (1711-1793)

Considerada a primeira mulher a escrever ficção em língua portuguesa. Inicialmente publicou sob o pseudônimo Dorotéia Engrassia Tavareda Dalmira, um anagrama perfeito de seu nome. Publicou em 1777 Aventuras de Diófanes. Em Obra Reunida, lançada pela Série Revisões, constam textos que escreveu quando enclausurada no Mosteiro de Ferreira e Alves, devido à “insubordinação”.

8 - Maria Firmina dos Reis (1825-1917)

Considerada a primeira romancista brasileira, nasceu no Maranhão e, por ser negra, enfrentou muitos preconceitos e barreiras. O livro Úrsula, por muitos considerados o primeiro romance abolicionista do Brasil, busca desconstruir a hegemonia masculina na literatura, inclusive entre escritores negros. É nele, pela primeira vez, que protagoniza-se o negro a partir da escrita de uma negra.

9 - Nísia Floresta (1810-1885)

Nísia Floresta foi uma escritora, educadora e poeta brasileira. É considera pioneira do feminismo no Brasil e tematiza, em suas escritas, a ruptura entre público e privado. Seu livro Direitos das mulheres e injustiça dos homens é o primeiro a falar sobre o direitos das mulheres à educação e ao trabalho.

10 - Narcisa Amália (1856-1924)


Além de poeta, foi a primeira jornalista profissional do Brasil. Combateu o regime escravista e também lutou pelos direitos das mulheres.

11 - Gilka Machado (1893-1980)

Publicou em 1915, aos 22 anos, seu primeiro livro, Cristais Partidos. Durante a década de 1920, continua a escrever, lançando Estados d’Alma (1917), Mulher Nua(1922), Meu Glorioso Pecado (1928), e Amores que mentiram, que passaram (1928). Seu nome foi um importante nome nos escritos sobre erotismo feminino. Em 1979, recebeu o prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras.

12 - Orides Fontela (1940-1988)

Parte da “geração de 60”, Orides Fontela foi poeta e escreveu poesias que podem ser classificadas como poesias filosóficas. Com uma escrita muito atenta aos detalhes, foi premiada com o Jabuti de Poesia em 1983.


Este conteúdo foi acessado em 28/04/2017 e adaptado do site Nota Terapia. Todas as informações nele contido são de responsabilidade do autor.
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