Português
24/07/2015
Único retrato de Shakespeare
Descoberto o que seria o único retrato de Shakespeare feito em vida
Imagem estampa uma página de um livro de botânica do século XVI.
Uma pequena gravura sem cores de um homem barbudo e de cabelos volumosos, estampada na primeira página de um livro de botânica do século XVI, seria a única imagem conhecida feita em vida do dramaturgo William Shakespeare. É o que alega o botânico e historiador britânico Mark Griffiths, que encontrou o retrato há cinco anos e vem estudando-o durante todo esse tempo, em que se dedicou a decifrar um código da dinastia Tudor usado na obra para autenticar a identidade do bardo. Shakespeare teria 33 anos à época do retrato e viveria o seu auge - a imagem teria sido feita depois da peça Sonhos de uma Noite de Verão e um pouco antes de Hamlet.
O livro em que a imagem está estampada se chama The Herball or Generall Historie of Plantes (algo como 'As Ervas ou História Geral das Plantas') e foi publicado em 1598 pelo horticultor John Gerard. Como um desses livros para colorir que fazem sucesso hoje entre adultos, o volume traz diversas gravuras decorativas, entre flores e símbolos diversos, em meio aos quais aparecem quatro figuras masculinas: o autor, Gerard, o renomado botânico holandês Rembert Dodoens, o tesoureiro da rainha Elizabeth, Lord Burghley, e um quarto homem, que veio a ser identificado como o bardo.
"No começo, eu tive dificuldade de acreditar que alguém tão famoso, tão universalmente conhecido, pudesse ter ficado tanto tempo escondido em um livro", disse Griffiths, o descobridor, que precisou desvendar um elaborado código Tudor de enigmas, motivos heráldicos e flores para verificar a identidade do dramaturgo. Entre os elementos que indicariam que aquele retrato é mesmo de Shakespeare, o historiador destaca as plantas que estão com ele: um tipo de lírio e uma espiga de milho doce, que fariam alusão ao primeiro poema e peça impressa do autor: Vênus e Adonis (1593) e Titus Andronicus (1594). A solução de outros pequenos enigmas relativos à imagem teriam dado ao historiador a certeza de quem se tratava.
À época da descoberta, Griffiths procurou o americano Edward Wilson, historiador emérito de Oxford, que o aconselhou a "tentar provar que aquele não era Shakespeare". O método científico seria o mais confiável: se falhasse na tarefa, Griffiths teria certeza de que tinha mesmo em mãos um retrato do bardo. "Essa é a contribuição mais importante a ser feita para o conhecimento que há sobre Shakespeare em gerações", teria lhe dito Wilson.
O achado foi revelado pela revista inglesa Country Life, da qual Griffiths é colaborador. Para o editor da publicação, Mark Hedges, trata-se da "descoberta literária do século". "Esta é a única imagem verificada de Shakespeare feita em vida. Até hoje, ninguém sabia que rosto ele teria em vida", diz ele, em matéria da revista. E até aqui, vale lembrar, as únicas imagens identificadas como de Shakespeare são uma gravura presente em uma reunião completa de sua obra e um monumento na igreja da Santíssima Trindade (Holy Trinity Church) em Stratford-upon-Avon, ambos feitos após sua morte.
Esta notícia foi extraída em 24/07/2015 do site http://veja.abril.com.br. Todas as informações são de responsabilidade dos autores.