Disciplina - Lingua Portuguesa

Português

11/06/2014

Motivações para aprender português

Por: RTP

As motivações para aprender português mudaram com os tempos em Goa. Não deixaram de servir para compreender a herança de pais ou avós, mas hoje refletem também a procura por melhores oportunidades dentro ou fora de fronteiras.

Ao fim da tarde, na sala de aula do Centro de Língua do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua - todas as cadeiras, cerca de 30, estão ocupadas por alunos de diferentes idades e distintos objetivos.

Em números redondos, há cerca de 1.500 estudantes de português em Goa, segundo Delfim Correia da Silva, responsável pelo Centro de Língua e leitor na Universidade de Goa.

"Decidi aprender porque queria conhecer uma nova língua este ano e também [porque] há imensa gente que me rodeia que fala português e gostava de interagir", explica Viviane, 26 anos.

Na mesma linha, apresenta-se Renuka, 43 anos: "Cresci com os meus pais e familiares a falarem português. Sou a única que se sente deixada de parte".

Charles, 22 anos, planeia pedir nacionalidade portuguesa, motivo pelo qual considera "importante" saber o mínimo. "Talvez ajude a arranjar emprego", realçou o jovem, pensando na imensidão do Brasil.

Já para Viraj, 25 anos, que se iniciou na advocacia, o português afigura-se "muito útil", dado que "há muitos documentos [legais] em português" em Goa.

As motivações "mudaram com os tempos", constata Maria do Céu Barreto: "No começo era mais cultural, porque os pais ou avós falavam, e depois dava um certo prestígio. Agora, com a globalização, funciona mais como instrumento de trabalho".

"Quem sabe português consegue com facilidade lugares nas empresas que lidam com o Brasil ou com África (Angola e Moçambique) e ganham mais do que ganhariam sem essa língua", avaliou a docente.

"Tem-se sentido uma evolução", corrobora Delfim Correia da Silva, identificando, no ensino superior, três grandes grupos: os que pretendem viajar para um país lusófono, os que querem melhorar o currículo a pensar em empregos mais vantajosos e os que sabem um pouco e pretendem "recordar".

Antes, sensivelmente até 2010, ainda havia alunos de mestrado pela "satisfação pessoal" - geralmente já tinham terminado estudos e carreira profissional -, mas hoje em dia, apontou, "o perfil é totalmente diferente": são estudantes mais jovens, oriundos de outros estados que chegam com "um plano muito bem delineado".

Na Communicare, em Dona Paula, ensina-se português a adultos e a crianças, escutando-se a língua logo à entrada, onde Kenrick Mendonsa, Wynne Dias e Michellyn Fernando são incentivados a perder a timidez e a replicar o que têm aprendido na sala de aula.

Todos ainda em idade escolar, aventuraram-se na aprendizagem da língua de Camões - e também de Cristiano Ronaldo -, por ser "fácil", "ajudar" no currículo, e acima de tudo, por ser "divertida".

Com o português, cruzaram-se através de amigos ou no contacto com a música. Portuguesa, mas também brasileira.

Pela Communicare já passaram mais de 1.500 estudantes em oito anos, a maioria de português, segundo a sua mentora, Nalini Sousa, que tinha idealizado, com o então delegado da Fundação Oriente, Sérgio Mascarenhas, uma escola portuguesa.

"Não deu resultado: Demos conta de que as pessoas queriam aprender mas não como a língua principal, porque aqui o inglês tem muito mais importância", justificou, explicando por que razão a Communicare abriu o leque a outros idiomas, do concani, ao marati, ao francês, espanhol ou alemão, e também a outras atividades.

Delfim Correia da Silva, também ouviu falar da possibilidade há uns anos, mas considera-a, mesmo nos dias de hoje, "prematura": "Seria necessário consolidar outras questões, como o fortalecimento da estrutura escolar", dado que a maioria dos docentes do ensino secundário não possui vínculo.

A existir, "mais do que uma escola portuguesa, deveria ser uma escola lusófona", congregando interesses do Brasil, dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e, obviamente de Portugal", defendeu.



Estas informações foram extraídas do site rtp.pt/noticias/index.php em 2 de junho de 2014, e adaptadas. Todas as informações são de responsabilidade dos autores da matéria.
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