Disciplina - Lingua Portuguesa

Português

14/10/2013

Redação do Enem 2013 exige soluções concretas

Por Jônatas Dias Lima

Além de ter cultura geral ampla, o candidato deve refletir sobre problemas sociais e propor mudanças coerentes e exequíveis

Diferentemente do que é cobrado na prova de redação de muitos vestibulares, o texto que o estudante precisa produzir no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não exige conhecimento aprofundado sobre algum fato recente, como os protestos que tomaram conta do país desde junho. Segundo professores de Redação ouvidos pelo Vida na Universidade, a proposta do Enem prioriza discussões mais amplas sobre temas sociais. Mesmo assim, estar por dentro dos acontecimentos mais importantes confere ao candidato um repertório útil para a construção de argumentações consistentes, o que é essencial em um texto longo, de até 30 linhas, como é exigido no exame.

O professor Marlus Geronasso, do curso Decisivo, aposta no protagonismo juvenil como temática provável, mas não limitado apenas às manifestações de rua. “O tema já apareceu em outros dois exames no início dos anos 2000 e neste ano tivemos a tragédia em Santa Maria e o debate sobre a redução da maioridade penal, por exemplo. Há muito a se explorar nessa linha”, diz Geronasso. O foco na juventude também seria coerente com o histórico do Enem, que procura incluir nos enunciados das questões assuntos conhecidos por quem está concluindo o ensino médio.

O transporte público é outra forte possibilidade, segundo o professor Sérgio Degrande Júnior, do curso Dom Bosco. Foi o estopim dos protestos no meio do ano e permitiria ao candidato muitas linhas de desenvolvimento para problematizar o assunto, o que se encaixa bem naquilo que os organizadores da prova procuram. “O que o Enem quer é que o aluno discuta o tema, problematize, debata e sugira uma solução para o problema. O tema do transporte é ótimo para isso.”

Estratégia

A demanda por soluções também é destacado pelo professor Wellington Borges Costa, o Wella, do curso Positivo. Ele sugere ao candidato a estratégia de transformar o enunciado em uma questão sobre a qual se deve falar e, no fim, responder. É preciso, contudo, tomar alguns cuidados. Segundo Wella, não se trata de criar uma pergunta binária cuja resposta seria apenas sim ou não, a favor ou contra. “Se formos transformar o tema da redação do Enem em uma pergunta, seria mais adequada uma pergunta do tipo ‘como’. Por exemplo: como ampliar a inclusão digital?”, explica.

Portanto, é muito arriscado ao candidato saber tudo sobre determinado fato recente e relevante à história do país, mas ter pouco a dizer a respeito de outras áreas sociais. Na redação do Enem, quem possui uma cultura geral ampla sai na frente.

Domínio

Cinco competências serão cobradas do candidato na redação e usadas como critério na avaliação:

Competências

1) Demonstrar domínio da modalidade escrita formal.
2) Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema.
3) Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
4) Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
5) Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Correção

A redação passará por dois avaliadores. Cada um atribuirá nota entre zero e 200 pontos para cada competência. A soma desses pontos comporá a nota total de cada avaliador. Caso haja uma diferença superior a 100 pontos na nota final ou a 80 pontos em uma das competências, o texto passará por um terceiro corretor. Se a discrepância de notas persistir, o texto será avaliado por uma banca.

Esta notícia foi publicada em 14/10/13 no site http://www.gazetadopovo.com.br. Todas as informações são de responsabilidade do autor.
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