Disciplina - Lingua Portuguesa

Português

02/02/2011

Literatura infanto-juvenil com personagens negros

Por Paula Takada
Criar condições para o desenvolvimento de atitudes de respeito à diversidade é uma das responsabilidades das escolas durante toda a Educação Básica. Para que as crianças aprendam a valorizar o diferente, é preciso, desde cedo, trabalhar a questão rotineiramente e não apenas em datas comemorativas.
Uma das possibilidades de ter o respeito às diferentes etnias presente no cotidiano das crianças é incluir na atividade permanente de leitura histórias vividas por representantes dos váriados grupos étnicos desempenhando os mais diversos papéis.
Para a antropóloga e escritora Heloisa Pires Lima, ao longo do século 20, as representações dos negros nos livros infanto-juvenis brasileiros foram muito limitadas, refletindo - e, às vezes, denunciando - as condições dessas pessoas na sociedade. "Na literatura, os papéis reservados aos negros eram de personagens escravizados, folclóricos ou submetidos a situações de exploração e miséria, como as empregadas domésticas e os meninos de rua".
Se, por um lado, essas figuras retratam parte da triste realidade social do país, por outro, a ausência de negros no papel de heróis, princesas, fadas, vilões e outros tantos arquétipos literários dificulta a valorização da diversidade. "Para uma criança negra, é importante ter referências positivas da auto-imagem. E para todas as crianças, isso também é positivo, pois possibilita a construção de uma imagem mais plural da sociedade", avalia Heloisa.
Vale um alerta. Não basta ler histórias politicamente corretas e terrivelmente chatas. Os livros têm que ter qualidade literária e trazer ilustrações bem feitas, afinal, "eles servem como espelhos para a construção da identidade, principalmente a das crianças", resume a antropóloga.
Encontrar um livro com essas características na década de 1990 era difícil. Porém, a partir de 2003, com a lei 10.639 (que inclui o ensino de história e cultura africanas e afro-brasileiras nas escolas), dezenas de obras interessantes com personagens negros passaram a ser produzidas.
Sugestões de leitura
A antropóloga Heloisa Pires Lima indica 18 opções para integrar o acervo da escola:
A cor da ternura,Geni Guimarães, 94 págs., FTD,
A menina que tinha um céu na boca, Júlio Emílio Braz, 16 págs., DCL,
Adamastor, o pangaré, Marianna Massarani, 24 págs., Melhoramentos,
Betina,Nilma Lino Gomes, 24 págs., Mazza Edições
Bruna e a galinha d´Angola, Gercilga de Almeida, 24 págs., Pallas,
Histórias da Preta, Heloisa Pires Lima, 71 págs., Cia das Letrinhas,
Ifá, o advinho, Reginaldo Prandi, 64 págs., Cia das Letrinhas,
Menino parafuso, Ângelo Abu, 36 págs., Autêntica,
Minhas contas,Luiz Antônio, 48 págs., Cosac Naif,
O chamado de Sosu, Meshack Asare, 48 págs., Edições SM,
O comedor de nuvens, Heloisa Pires Lima, 24 págs., Paulinas,
O menino Nito,Sonia Rosa, 16 págs.,Pallas,
O Pássaro-da-Chuva, Kersti Chaplet, 24 págs., Ed. Ática,
O super-herói e a fralda, Heloisa Prieto, 36 págs., Ed. Ática,
Obax,André Neves, 36 págs., Brinque-book,
Omo-Oba: histórias de princesas,
Kiusam Oliveira, 48 págs., Mazza Edições,
Princesa Arabela: mimada que só ela,Milo Freeman, 32 págs, Ática,
Uma idéia luminosa, Rogério Andrade Barbosa, 23 págs., Pallas,
Esta notícia foi publicada em 02/02/2011 na Revista Nova Escola. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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