Disciplina - Lingua Portuguesa

Português

07/05/2010

Escritor Mia Couto defende equiparação entre línguas do país e português

Maputo - O escritor moçambicano Mia Couto defendeu a equiparação das línguas moçambicanas com o português, por eventual risco de os idiomas de Moçambique desaparecerem devido à suposta redução de falantes.
"Há línguas moçambicanas que correm o risco de desaparecer. Há escolas que continuam a proibir os estudantes de se exprimirem nas suas próprias línguas dentro do recinto escolar", disse Mia Couto, durante um encontro, em Maputo, sobre o Dia da Língua e Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que hoje se assinala.
Mia Couto, o escritor moçambicano que mais vende e com mais livros traduzidos no mundo, lançou "recados para dentro de Moçambique: nacionalizar todas as línguas nacionais", um "desafio" que, disse, visa "criar diversidade, sem hegemonia", entre o português e as 28 línguas moçambicanas.
O escritor moçambicano considera que a "valorização da língua portuguesa não pode ser construída às expensas do rico património linguístico de Moçambique", daí que "o desafio é criar diversidade, sem hegemonia". "Mas não creio que nos aproximemos dessa meta", frisou.
Contrariado com a introdução do novo acordo ortográfico do português, Mia Couto considera que a ideia da mudança da grafia resulta de "soluções folclóricas" e exortou a "uma certa vigilância".
"O que trago como sugestão, nesta matéria, é um apelo para uma certa vigilância. Tenhamos cautela com as soluções folclóricas, que parecerem inovadoras, mas que são apenas cópia do que fazem os vizinhos", disse Mia Couto.
A propósito do novo acordo ortográfico, o professor Lourenço do Rosário, reitor da Universidade Politécnica de Moçambique, destacou o "olhar desconfiado dos africanos" em relação às alterações da grafia portuguesa.
"Tendo sido o acordo ortográfico ou o processo de elaboração deste uma das primeiras iniciativas de reflexão comum sobre a língua, fica patente o olhar desconfiado dos africanos, sobretudo de Angola e Moçambique, quer do ponto de vista científico, quer do ponto de vista político, cujas sequelas persistem até hoje, embora com menor intensidade", considerou.
Moçambique ainda não ratificou o novo acordo ortográfico.
Este conteúdo foi acessado no Portal da Angop em 07/05/2010. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria.
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