Disciplina - Lingua Portuguesa

Português

22/04/2010

O desafio de enfrentar os clássicos juvenis

O desafio de enfrentar os clássicos juvenis
A estreia de Alice no País das Maravilhas, a mais nova adaptação literária para o cinema, é uma oportunidade de incentivar os adolescentes a lerem livros infanto-juvenis de séculos atrás
O lançamento da adaptação para o cinema da obra Alice no País das Maravilhas, do escritor inglês Lewis Carroll (1865), – que chega às salas brasileiras nesta sexta-feira, dia 23 – é uma oportunidade para os pais incentivarem nos filhos o interesse pela leitura de clássicos mundiais da literatura infanto-juvenil. A história da menina que viaja no próprio sonho, na companhia de personagens como o coelho branco e a rainha de copas, está entre as obras que fazem parte de um legado cultural acumulado há anos, desde o século 17, e do qual não se deve abrir mão.
Mas será que ter contato com a obra por meio do cinema, ou mesmo da televisão, não elimina a vontade do estudante de lê-la? Na avaliação da professora de Litera­tura Elisa Dalla Bona, da Uni­ver­sidade Federal do Paraná (UFPR), não. “Eles se complementam. A boa adaptação empolga e motiva a leitura do livro. Muitas crianças não teriam lido O Sítio do Pica-Pau Amarelo (Monteiro Lobato) se não tivessem visto primeiro na tevê.”
Os clássicos nos auxiliam a compreender o sentido das experiências que vivenciamos no dia a dia, segundo especialistas. Daí vem a importância de serem lidos. Eles também possibilitam a construção de valores, da identidade e levam ao autoconhecimento. “Há muitos estudos que indicam que literaturas, como contos de fadas, são importantes para que se possa lidar com variados sentimentos durante a vida”, afirma a professora de Lite­ratura Luciane Hagemeyer, do Colégio Media­neira. A narrativa de Chapeuzinho Vermelho, por exemplo, tem diversos elementos dramáticos que fazem parte do cotidiano: medo, ansiedade, teimosia, afetividade e sexualidade.
Entre os principais objetivos da literatura está também o exercício da imaginação, que é a matéria-prima para que o aluno entenda a realidade. A mestre em Literatura Edna Anita Lopes, que pesquisa a formação de leitores no ensino médio, explica que a literatura é uma válvula de escape. Segundo ela, os adolescentes conseguem encontrar uma espécie de fuga da realidade nos livros de aventura, o que explica o fascínio que eles têm por esse tipo de leitura. Uma história, como a do livro A Volta ao Mundo em 80 Dias (Júlio Verne), transporta-os a universos cheios de mistérios, afirma Elisa. “Mas há também os elementos mágicos. Além do prazer pelo desconhecido, eles têm ainda um pé na infância, se encantando pela magia dos bruxos, como se encanta uma criança de 5 anos.”
Para incentivar, o importante é saber fazer a propaganda, considerando que quem recomenda também tenha feito a leitura. Em­­polgue, para estimular a curiosidade, orienta Edna. “Nunca fale de um livro que não leu, simplesmente porque o aluno deve ler. Senão a propaganda não convencerá. Ler para apresentar resumo ao professor não significa nada na vida de ninguém.”

Entrevista
Marta Morais da Costa, mestre e doutora em Literatura, diretora do Centro Pedagógico da Editora Aymará e professora da UFPR.
Os clássicos infanto-juvenis foram obras pensadas exclusivamente para essa faixa etária?
Leia a entrevista completa
Este conteúdo foi acessado no jornal Gazeta do Povo em 22/04/2010. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria.
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