Disciplina - Lingua Portuguesa

Português

24/02/2010

Livro infantil não é "livrinho"/Revista Crescer

Por: Cristiane Rogerio
Nada melhor para começar uma nova coluna que vai falar sobre literatura infantil e incentivo à leitura do que afirmar e reafirmar que livro infantil não tem nada, nada, mas nada mesmo de diminutivo. Ou não deve ter. Se for "bonitinho", ele é pouco para a criança que vai lê-lo. Se for "bobinho", ah, então ele é bobinho mesmo e você deve descartá-lo. Se tiver diminutivos em excesso no texto, fuja desta leitura o mais rápido que puder! Sabe essa coisa de "amiguinho", "cachorrinho", "janelinha"? Não!
Na hora em que eu abro um livro novo, eu espero, no mínimo, tudo. Pode me surpreender o nome e o tipo de personagem; posso ser pega por uma proposta envolvente de filosofia de vida; posso me encantar com a qualidade das ilustrações; ou posso me envolver de tal forma que rir muito ou chorar seja inevitável ... Ou seja, um livro infantil, para mim, tem que me tocar profundamente.
O primeiro e o segundo parágrafo querem dizer a mesma coisa. Explico: eu prego aqui a ausência de diminutivos tanto na aplicação literal como na escolha das palavras dos textos, como no nível de elaboração de uma história. Não podemos admitir nada menos do que um bom livro para uma criança: cheio de criatividade, ousadia, poesia e encantamento. É assim que devemos marcar as infâncias que estamos tendo a oportunidade de acompanhar.
Este é o meu principal critério na escolha dos livros, por exemplo, para o site Livros Pra uma Cuca Bacana, com mais de 700 resenhas de livros infantis que saíram na versão impressa da revista, além de outras extras. Lá é possível buscar o livro por nome ou sabendo que escreveu, ilustrou, ou ainda por tema e idade indicada. Também nesse site há as entrevistas que fazemos com os escritores e ilustradores, ou vídeos com conversas muito bacanas e que mostram como trabalham vários mestres da literatura infantil no Brasil. Ali não tem livro "bonitinho" ou "facinho para a criança entender". Lá tem nonsense, tem Manuel Bandeira e Quintana, tem história que faz o leitor querer chorar, tem livro que fala de morte, de frustração, mas também de conquistas, tem ilustração de duas cores, tem desenhos complexos daqueles de você olhar e ver muito mais ao mesmo tempo.
Este conteúdo foi acessado em 24 de fevereiro de 2010 no sítio http://revistacrescer.globo.com. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria
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