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21/08/2009
Euclides da Cunha visitou Campinas com manuscrito de "Os Sertões"
Euclides da Cunha visitou Campinas com manuscrito de "Os Sertões"
Passagem é lembrada no centenário de morte do autor, cuja obra ganha nova edição
Os cem anos de morte do jornalista, engenheiro e escritor Euclides da Cunha, comemorados sábado (15), trouxe de volta seu livro mais conhecido, "Os Sertões", republicado em edição ricamente ilustrada, e também uma história prosaica da passagem do autor e sua obra-prima por Campinas. Cunha esteve na cidade ainda com os manuscritos do livro na busca de um encontro com o também escritor Coelho Neto, já famoso por seus romances e para quem o jornalista queria mostrar o texto para colher críticas e sugestões antes da publicação.
O professor Alexandre Ribeiro é um dos que lembram da passagem de Euclides da Cunha e de "Os Sertões" por Campinas. "Quando 'Os Sertões' estava pronto, Euclides quis que alguém lesse a obra para uma revisão. E tinha um amigo, o Cesar Bierrenbach, que tinha contato com o Coelho Neto", relembra Ribeiro, ex-professor de linguística e português na Pontifícia Universidade Católica (PUC) e do Culto à Ciência.
Ele conta que Bierrenbach era muito brincalhão e foi por causa de uma brincadeira que o encontro entre Cunha e Coelho quase desandou totalmente. "O Bierrenbach disse a Euclides que se Coelho Neto fumasse durante o encontro, significaria que ele não tinha gostado", lembra Ribeiro.
Fumante costumaz, Coelho Neto acendeu de fato seu tabaco, o que deixou Euclides da Cunha frustrado e bravo. O primeiro encontro acabou ali, com Euclides saindo às pressas, apesar de Bierrenbach, às gargalhadas, ter tentado a todo custo explicar que tudo não passou de brincadeira. "No dia seguinte, eles voltaram a se encontrar, mas o Euclides já não levou o livro todo, apenas o primeiro capítulo", lembra Ribeiro.
O encontro entre Euclides da Cunha e Coelho Neto em Campinas está registrado em uma edição em separado (separata) da "Revista de História", da USP, publicada em 1960, e escrita pelo historiador José Roberto do Amaral Lapa, fundador do Centro de Memória da Unicamp e também pesquisador da história de Campinas.
O artigo, na verdade, foca a passagem do escritor Coelho Neto pela cidade - em um momento de dificuldade financeira depois de ser acometido por uma doença, Coelho Neto opta por fazer um concurso para a cadeira de literatura do Colégio Culto à Ciência. Passou em primeiro lugar e assumiu o cargo, morando por 3 anos na cidade, onde animou as noites com saraus literários e participou da fundação do Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA).
No parte em que narra o encontro entre os dois escritores, Lapa se baseia em diários pessoais e textos de Coelho Neto. O contratempo com a brincadeira de Bierrenbach, escreve o historiador, não trouxe grandes problemas à relação e troca de cartas mantidas por Cunha e Coelho Neto, que depois de 3 anos voltou a morar no Rio de Janeiro - em algumas das cartas trocadas por eles, registra Lapa no artigo, ambos relembram com satisfação a passagem por Campinas.
Já sobre a leitura crítica feita por Coelho Neto pouco se tem de informação, exceto a afirmação genérica de que Euclides aceitou algumas sugestões - mas não se sabe quais sugestões e observações foram.
Nova edição
O centenário de morte de Euclides da Cunha, completados dia 15 deste mês de agosto, é comemorado com nova publicação de "Os Sertões", que sai pela Ediouro - o drama amoroso que levou o jornalista à morte foi levado para a tevê na minissérie "Desejo". A edição comemorativa reúne ilustrações de várias outras edições, assinadas por nomes como Aldemir Martins, Alfredo Aquino e J. B. Andersen, este último que assinou as ilustrações de uma edição alemã da obra.
Além das ilustrações, o tratamento luxuoso de imagem inclui pinturas de Debret, Benedito Calixto, Vítor Meirelles, Trípoli Gaudenzi e Otoniel Fernandes Nieto, além de fotografias da época.
Obra fundamental e marco na literatura brasileira, "Os Sertões" é dividido nas partes "A Terra", "O Homem" e "A Luta", nas quais Euclides da Cunha analisa os sertanejos nordestinos; a política e a geografia locais e a batalha contra Antonio Conselheiro.
Ficha Técnica:
Os Sertões
Autor: Euclides da Cunha, com apresentação de Walnice Nogueira Galvão
Número de páginas: 544
Preço sugerido: R$ 59,90
Agradecimento: à Élida do Amaral Lapa, pela pesquisa na biblioteca do marido e por disponibilizar cópia da "Revista de História" sobre a estadia de Coelho Neto em Campinas.
Fonte: http://eptv.globo.com/lazerecultura/lazerecultura_interna.aspx?268043
Passagem é lembrada no centenário de morte do autor, cuja obra ganha nova edição
Os cem anos de morte do jornalista, engenheiro e escritor Euclides da Cunha, comemorados sábado (15), trouxe de volta seu livro mais conhecido, "Os Sertões", republicado em edição ricamente ilustrada, e também uma história prosaica da passagem do autor e sua obra-prima por Campinas. Cunha esteve na cidade ainda com os manuscritos do livro na busca de um encontro com o também escritor Coelho Neto, já famoso por seus romances e para quem o jornalista queria mostrar o texto para colher críticas e sugestões antes da publicação.
O professor Alexandre Ribeiro é um dos que lembram da passagem de Euclides da Cunha e de "Os Sertões" por Campinas. "Quando 'Os Sertões' estava pronto, Euclides quis que alguém lesse a obra para uma revisão. E tinha um amigo, o Cesar Bierrenbach, que tinha contato com o Coelho Neto", relembra Ribeiro, ex-professor de linguística e português na Pontifícia Universidade Católica (PUC) e do Culto à Ciência.
Ele conta que Bierrenbach era muito brincalhão e foi por causa de uma brincadeira que o encontro entre Cunha e Coelho quase desandou totalmente. "O Bierrenbach disse a Euclides que se Coelho Neto fumasse durante o encontro, significaria que ele não tinha gostado", lembra Ribeiro.
Fumante costumaz, Coelho Neto acendeu de fato seu tabaco, o que deixou Euclides da Cunha frustrado e bravo. O primeiro encontro acabou ali, com Euclides saindo às pressas, apesar de Bierrenbach, às gargalhadas, ter tentado a todo custo explicar que tudo não passou de brincadeira. "No dia seguinte, eles voltaram a se encontrar, mas o Euclides já não levou o livro todo, apenas o primeiro capítulo", lembra Ribeiro.
O encontro entre Euclides da Cunha e Coelho Neto em Campinas está registrado em uma edição em separado (separata) da "Revista de História", da USP, publicada em 1960, e escrita pelo historiador José Roberto do Amaral Lapa, fundador do Centro de Memória da Unicamp e também pesquisador da história de Campinas.
O artigo, na verdade, foca a passagem do escritor Coelho Neto pela cidade - em um momento de dificuldade financeira depois de ser acometido por uma doença, Coelho Neto opta por fazer um concurso para a cadeira de literatura do Colégio Culto à Ciência. Passou em primeiro lugar e assumiu o cargo, morando por 3 anos na cidade, onde animou as noites com saraus literários e participou da fundação do Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA).
No parte em que narra o encontro entre os dois escritores, Lapa se baseia em diários pessoais e textos de Coelho Neto. O contratempo com a brincadeira de Bierrenbach, escreve o historiador, não trouxe grandes problemas à relação e troca de cartas mantidas por Cunha e Coelho Neto, que depois de 3 anos voltou a morar no Rio de Janeiro - em algumas das cartas trocadas por eles, registra Lapa no artigo, ambos relembram com satisfação a passagem por Campinas.
Já sobre a leitura crítica feita por Coelho Neto pouco se tem de informação, exceto a afirmação genérica de que Euclides aceitou algumas sugestões - mas não se sabe quais sugestões e observações foram.
Nova edição
O centenário de morte de Euclides da Cunha, completados dia 15 deste mês de agosto, é comemorado com nova publicação de "Os Sertões", que sai pela Ediouro - o drama amoroso que levou o jornalista à morte foi levado para a tevê na minissérie "Desejo". A edição comemorativa reúne ilustrações de várias outras edições, assinadas por nomes como Aldemir Martins, Alfredo Aquino e J. B. Andersen, este último que assinou as ilustrações de uma edição alemã da obra.
Além das ilustrações, o tratamento luxuoso de imagem inclui pinturas de Debret, Benedito Calixto, Vítor Meirelles, Trípoli Gaudenzi e Otoniel Fernandes Nieto, além de fotografias da época.
Obra fundamental e marco na literatura brasileira, "Os Sertões" é dividido nas partes "A Terra", "O Homem" e "A Luta", nas quais Euclides da Cunha analisa os sertanejos nordestinos; a política e a geografia locais e a batalha contra Antonio Conselheiro.
Ficha Técnica:
Os Sertões
Autor: Euclides da Cunha, com apresentação de Walnice Nogueira Galvão
Número de páginas: 544
Preço sugerido: R$ 59,90
Agradecimento: à Élida do Amaral Lapa, pela pesquisa na biblioteca do marido e por disponibilizar cópia da "Revista de História" sobre a estadia de Coelho Neto em Campinas.
Fonte: http://eptv.globo.com/lazerecultura/lazerecultura_interna.aspx?268043
