Disciplina - Lingua Portuguesa

Português

16/04/2009

Publicação de três livros marca reedição integral da obra de Lygia Fagundes Telles

Publicação de três livros marca reedição integral da obra de Lygia Fagundes Telles
É comum no teatro apontar-se esta ou aquela atriz como “grande dama” dos palcos daqui ou dali. Pois além de ser uma das autoras mais importantes da literatura brasileira no último século, a paulistana Lygia Fagundes Telles, que completa 86 anos neste mês, é a candidata mais provável para uma eventual posição de grande dama das letras em atividade no Brasil.
A partir da semana que vem, voltam às livrarias as obras de Lygia – que eram publicadas pela Rocco e agora serão relançadas pela Companhia das Letras, em mais um dos casos recentes de disputa entre as editoras nacionais pelo passe dos gigantes consagrados da literatura brasileira. O relançamento começa com três títulos que dão um apanhado de estágios diferentes da carreira da autora: Antes do Baile Verde, reunião de textos de 1949 a 1969, o romance de maturidade As Meninas e o recente Invenção e Memória (leia mais no quadro ao lado).
Em todos esses livros, estão presentes as características que fizeram da senhora paulistana de porte aristocrático um dos grandes nomes da literatura nacional: a prosa suntuosa e precisa, os retratos da angústia que se esconde no banal. Em 2005, Lygia recebeu o Camões, o maior prêmio da literatura de língua portuguesa, uma distinção que já foi entregue a João Cabral de Melo Neto, José Saramago, João Ubaldo Ribeiro e Lobo Antunes, entre outros. E Lygia faz jus a tal companhia.
Os grandes temas aos quais a obra da autora se dedica são o adultério, o esfacelamento da família como norma e instituição, a inadequação entre as aspirações do indivíduo e as pressões do meio social. Nada novo, dirão alguns, mas Lygia Fagundes Telles vem enfrentando tais questões há sete décadas de uma carreira construída com apuro de linguagem e um mergulho intenso e claustrofóbico nos horizontes íntimos de seus personagens.
Por sua obra muitas vezes ser enfiada no balaio da chamada “literatura feminina”, Lygia já foi comparada equivocadamente com Clarice Lispector, quando as diferenças entre elas são abissais. A prosa de Clarice, limítrofe com a poesia, era uma prosa de dilaceramento já na forma, enquanto no caso de Lygia, como sobre ela já escreveu o escritor e crítico Flávio Carneiro, “nenhuma obscuridade e nenhuma tragédia resistem a prosa tão cristalina, capaz de transformar em poesia os piores dramas do cotidiano”.

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br
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