Disciplina - Lingua Portuguesa

Português

10/02/2009

Brasil vai conviver com 2 ortografias

Em vigor de forma facultativa desde o dia 1º, as novas regras ortográficas ainda não serão adotadas pela maioria das instituições no País. O período de transição termina em dezembro de 2012. Por enquanto, órgãos como o Museu da Língua Portuguesa, secretarias estaduais e até o governo federal decidiram manter textos e documentos de acordo com as normas antigas.
O Diário Oficial da União e o do Estado de São Paulo optaram por manter as duas formas nos conteúdos oficiais - editais, portarias, resoluções. O texto será publicado de acordo com a grafia que cada órgão resolveu adotar. No caso de São Paulo, as páginas de notícias produzidas pela redação da Imprensa Oficial adotaram o novo padrão.
Até fevereiro, a Academia Brasileira de Letras deve publicar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, que trará a forma oficial das palavras alteradas. A partir daí, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), por exemplo, adotará integralmente as regras. “Vamos começar a implantar o que já está bastante claro no acordo. Em relação ao uso do hífen, vamos aguardar a publicação do vocabulário”, diz a professora de português e revisora do setor de comunicação do STJ, Mari Lúcia Del Fiaco. “Os textos das decisões dos ministros vão depender do gabinete de cada um.”
O Supremo Tribunal Federal (STF), por sua vez, começou a seguir as normas. Mesmo sem nenhum tipo de normativa interna, o acordo será seguido pelos revisores dos gabinetes. Durante o ano passado, o órgão ofereceu aulas para os servidores se familiarizarem com as mudanças. Ainda não é obrigatório, mas a tendência é de que todos os documentos expedidos pelo tribunal estejam de acordo com as novas normas.
Já o Executivo Federal e o do município de São Paulo ainda não se organizaram para realizar a transição.
A Secretaria de Estado da Educação, por outro lado, informou que todo o conteúdo preparado pelo órgão, como os manuais dos professores e os guias curriculares, já estão sendo produzidos de acordo com a nova grafia. As escolas trabalharão com a mudança, mas aceitarão dos alunos as duas grafias. Os livros didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação deverão estar totalmente adaptados apenas em 2010. O material que será utilizado pelos alunos neste ano já foi adquirido.
No caso do vestibular da Fuvest, o coordenador de comunicação José Coelho Sobrinho afirma que os candidatos podem utilizar as duas ortografias nos exames durante a fase de transição. “Inclusive no mesmo texto”, aponta Coelho. Mas, a partir do próximo vestibular, a prova será formulada com a nova ortografia.
Para o linguista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Marcos Bagno, mais do que a adaptação às regras, que vem gerando discussões, o aspecto importante do acordo é político. “Com a unificação ortográfica, que não é unificação da língua, como muita gente desavisada vem dizendo, Portugal vai parar de se impor como fonte original da língua e de querer usar a duplicidade de ortografias como meio de impedir a projeção do português brasileiro no cenário internacional”, afirma.

Fonte: http://www.letras.ufscar.br/linguasagem
Recomendar esta notícia via e-mail:

Campos com (*) são obrigatórios.