Disciplina - Lingua Portuguesa

Português

15/10/2008

Nobel da Literatura 2008

Nobel da Literatura 2008: o escritor francês Jean-Marie Gustave Le Clézio.
O escritor francês Jean-Marie Gustave Le Clézio foi o escolhido pela Academia Real Sueca como vencedor do prêmio Nobel da Literatura 2008.
Aos 68 anos, Le Clezio, autor de romances de aventura, ensaios e literatura infantil, sucede a escritora britânica Doris Lessing, galardoada o ano passado.
O júri do Nobel justificou a atribuição do prêmio ao autor francês nascido em 1940, caracterizando-o como um «escritor da ruptura, aventura poética e êxtase sensual, explorador de uma humanidade mais além e na base da civilização reinante». A Academia Sueca nota que, partindo dos últimos escritores do existencialismo e do 'novo romance', Le Clézio conseguiu «salvar as palavras do estado degenerado da linguagem quotidiana, e devolver a força para invocar uma realidade existencial».
Doutor em letras pela Universidade de Nice, Le Clézio começou a escrever aos sete anos. Antes do Nobel, tinha recebido o "Prix Renaudot", o mais importante galardão das letras francesas com o seu primeiro livro: Le Procès-Verbal. Tinha, então, apenas 23 anos.
A sua obra compreende contos, romances, ensaios, novelas, traduções de mitologia ameríndia, numerosos prefácios e artigos, ultrapassando os 50 títulos. Alguns encontram-se traduzidos para português: «O Processo de Adão Pollo», «O caçador de tesouros», «Deserto» (considerado a sua obra-prima), «Estrela errante», «Diego e Frida» e «Índio branco».
Um pouco do estilo do escritor:
"Tenho coisas a dizer deste rosto que recebi em meu nascimento. Primeiro, foi preciso aceitá-lo. Afirmar que não me agradava seria dar-lhe uma importância que ele não tinha quando eu era criança. Eu não o odiava: ignorava-o, evitava-o. Não o olhava nos espelhos. Durante anos, creio que nunca o vi. Desviava os olhos das fotos, como se alguma outra pessoa tivesse se posto em meu lugar.
Aos oito anos de idade, mais ou menos, vivi na África ocidental, na Nigéria, numa região muito isolada onde não havia europeus, à exceção de meu pai e minha mãe, e onde a humanidade, para a criança que eu era, se constituía unicamente de iorubás e ibos. Na choupana em que nós morávamos (a palavra choupana tem algo de colonial que hoje em dia pode chocar, mas que descreve bem a residência funcional prevista pelo governo inglês para os médicos militares, uma laje de cimento por piso, quatro paredes de blocos sem emboço, um telhado de chapas onduladas recoberto de folhas, nenhuma decoração, redes penduradas nas paredes para servir de camas e, única concessão ao luxo, um chuveiro ligado por canos de ferro a uma caixa d'água no telhado, que esquentava ao sol), nessa choupana portanto não havia espelhos, nem quadros, nada que pudesse lembrar-nos do mundo em que tínhamos até então vivido. Um crucifixo que meu pai pendurara na parede, mas sem representação humana. Foi aí que eu aprendi a esquecer."
fonte: Academia Virtual Poética do Brasil

Fonte: http://www.literaturalivre.com.br
Recomendar esta notícia via e-mail:

Campos com (*) são obrigatórios.