Disciplina - Lingua Portuguesa

19. Denotação e conotação

Professor, para dar início a essa proposta, explique superficialmente aos alunos que o signo linguístico, ou a palavra, se divide em duas estruturas: o significante, que é a parte perceptível da palavra, constituída por sons; e o significado, que é a parte inteligível, ou o conceito que temos sobre aquela palavra. Como no caso de uma moeda, o signo linguístico só se caracteriza como tal por possuir esses dois lados. Um lado sem o outro nada vale.

Por exemplo, ao ouvirmos a palavra “gato”, o som (significante) nos trará a imagem (significado) do animal. Cada pessoa, por sua experiência pessoal, poderá lembrar de um “gato” de cores, espécie ou tamanho diferente, mas o conceito geral evocado será sempre o de um mamífero quadrúpede coberto de pelos.

Continue a explicação demonstrando que a construção textual se assemelha à tecelagem, em que vários fios são misturados para dar origem ao tecido final. De acordo com a maneira com que esses fios (palavras) são tecidos, será obtida uma forma textual diferente. Para exemplificar essa temática, fica como sugestão o conto de Marina Colasanti, A moça tecelã. No conto, a experiência da moça que tece e destece sua vida pode ser compreendida como o processo de construção textual. Além disso, o próprio texto abriga uma infinidade de palavras em sentido conotativo.

Dessa maneira, é preciso que fique claro aos alunos que o texto não literário é formado por palavras usadas em seu sentido estrito, enquanto o literário constitui-se de palavras que podem ter mais de um significado e, portanto, destoam do real. Então, o texto literário abriga palavras que podem ter sentido ambíguo. Essa ambiguidade caracteriza as palavras Conotativas da língua.

Portanto, vale definir:

Conotação: palavras que possuem uma carga de experiência pessoal, subjetividade, emoção e cujo significado extrapola o sentido do dicionário.

Por outro lado, temos as palavras usadas em seu sentido denotativo.

Denotação: é uma união entre o significado e o significante, trazendo uma informação objetiva e concreta. É a palavra empregada em seu sentido de dicionário ou referencial. Pode-se dizer uso denotativo ou literal das palavras.

É ainda importante dizer que o sentido conotativo sofrerá alterações de uma cultura para outra, ou de uma classe social para outra, de uma época para outra. Se pensarmos, por exemplo, nas palavras menino, guri, moleque, curumim, elas denotam praticamente a mesma coisa, mas terão conteúdos conotativos diferentes de acordo com a circunstância de uso.

Outros exemplos sobre o assunto podem ser encontrados no link: <http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil1.php> Acesso em: 27/09/09.

Agora, apresente como exemplo aos alunos o texto Dois tiros e D. Maria quase perde a vida  e a notícia de jornal.

Dois tiros e D. Maria quase perde a vida
Maria não queria viver sozinha no barraco acanhado.
Abandonada pelo companheiro, dois filhos para criar, a faxineira desempregada conseguiu um revólver e partiu para a tentativa de suicídio.
A história, segundo a polícia, é que o companheiro de Maria, homem branco, motorista, já era casado. E Maria, mulher negra, no momento sem emprego, vivia amasiada há cinco anos. No último fim de semana, o casal se desentendeu e o homem resolveu voltar para a esposa legítima. Maria não tolerou o abandono. Agora, está hospitalizada, em estado grave. Os filhos estão com parentes.

(Notícia publicada no Jornal da tarde, de São Paulo. Embora a notícia seja real, os nomes nela usados são fictícios. Disponível em: <http://arteemanhasdalingua.blogspot.com/2016/07/linguagem-literaria-e-nao-literaria_9.html>. Acesso em: 08/11/18.)

Notícia de jornal
Tentou contra a existência
Num humilde barracão
Joana de Tal
Por causa de um tal João
Depois de medicada
Retirou-se pro seu lar
Aí a notícia
Carece de exatidão
O lar não mais existe
Ninguém volta o que acabou
Joana é mais uma mulata triste
Que errou
Errou na dose
Errou no amor
Joana errou de João
Ninguém notou
Ninguém morou
Na dor que era o seu mal
A dor da gente
Não sai no jornal

(Luís Reis e Haroldo Barbosa – LP A arte de Elizete Cardoso)


Agora, questione com os alunos:

  • O conteúdo dos dois textos é diferente? De que trata cada história?
  • Os textos são literários ou não literários? Por que eles classificam assim os textos?
Professor, anote no quadro as contribuições dos alunos para definir os textos literários dos não literários.

  • Quais são os elementos literários que se encontram no texto “Notícia de Jornal” e que não estão presentes em Dois tiros e D. Maria quase perde a vida?
Professor, anote os elementos apresentados pelos alunos no quadro. Retome o que foi escrito anteriormente e compare as informações dadas nos dois momentos. Avalie o que mais é necessário informar aos alunos sobre essa classificação.

Pesquisa para a próxima aula: peça que para a próxima aula os alunos pesquisem e tragam quatro textos - dois com linguagem predominantemente conotativa e os demais com linguagem predominantemente denotativa.

Essa atividade foi extraída da aula Denotação e conotação: considerações sobre o efeito da palavra, da professora Ana Graziela Cabral - Belo Horizonte/MG. Disponível no Portal do Professor/MEC. Acessado em 12/07/2013. Todas as informações contidas nela são de responsabilidade do autor.
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