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Como tudo começou

No Brasil, o surgimento de mulheres escritoras ocorre principalmente a partir do século XIX, pois até então as mulheres não podiam exercer nenhum tipo de atividade intelectual ou cultural, os ofícios designados a elas eram os afazeres domésticos ou, então, seus pais poderiam optar por enviá-las a conventos, algumas escolas particulares nas casas das professoras, ou ainda o ensino individualizado. A primeira legislação autorizando a abertura de escolas públicas femininas data de 1827, assegurando os estudos elementares. Mesmo assim, poucas mulheres tiveram acesso a uma educação diferenciada; e foram aquelas primeiras e poucas que tomaram a iniciativa e abrir escolas, publicar livros, enfrentando a sociedade que imperava com a ideia de que a mulher não precisava saber ler nem escrever.

A partir disso, as mulheres começaram a se organizar e a reivindicar maior participação na sociedade. Aconteceram, então, os primeiros movimentos organizados, tendo como principal objetivo a melhoria das condições de vida da mulher.

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Conheça algumas mulheres que foram e são fundamentais para o surgimento e expansão de uma literatura feminina que é reflexo e manifestação dos novos papéis da mulher na sociedade e no mundo.

Personagens femininas

Muitos escritores brasileiros ao longo da história escreveram sobre as mulheres e para as mulheres. Cada autor por meio de seus personagens tentou traçar um perfil de mulher enfatizando características diferentes. Criaram donzelas, cortesãs, mulheres ‘urbanas’, republicanas; orgulhosas ou tímidas, calculistas ou levianas, singelas ou complexas, entre tantas outras. Aqui estão algumas personagens que marcaram a Literatura Brasileira.


Da obra de Graciliano Ramos - Vidas secas
Sinhá Vitória, uma retirante que cuidava dos filhos, uma mulher forte, segura as rédeas na hora de partir e na hora de ficar, é aquela que indica com um simples gesto o caminho por onde a família deveria seguir. Mesmo com toda a dor e toda a miséria, ainda possui um imaginário povoado de sonhos, imagens, fantasias.

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Para ler o artigo completo sobre algumas personagens na obra de Graciliano, acesse:  Na gaiola e na moral: as personagens femininas na ficção de Graciliano Ramos


Da obra de Guimarães Rosa - A Escrava Isaura

Isaura, a heroína escrava, branca, pura, virginal, possui um caráter nobre e demonstra “conhecer o seu lugar”: do princípio ao fim, suporta conformada a perseguição de Leôncio, as propostas de Henrique, as desconfianças de Malvina, sem jamais se revoltar. Permanece emocionalmente escrava, mesmo tendo sido educada como uma dama da sociedade. Tem escrúpulos de passar por branca livre, acha-se indigna do amor de Álvaro e termina como a própria imagem da “virtude recompensada”.

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Para ler o artigo completo sobre a personagem Isaura, do romance escrito por Guimarães, acesse: A Dupla Objetificação da Mulher em A Escrava Isaura: uma Amostragem do Poder Patriarcal




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As mulheres de José de Alencar


Personalidades difíceis de observar devido à condição que elas tinham perante a sociedade. Mulheres com poder de decisão e personalidade forte, como é o caso das personagens Aurélia, Lúcia e Emília. José de Alencar escrevia sobre diversos temas, levantando um panorama social e histórico do Brasil. Um autor que, de maneira magistral, sempre abordou temas polêmicos e que levassem à reflexão, indo muito além de sua época, tornando-se sempre atual nos assuntos do cotidiano.


Da obra de José de Alencar - Lucíola
Lúcia tinha como característica principal a contradição. Coexistem nela duas pessoas: Maria da Glória - a menina inocente, ingênua, digna, simples e um verdadeiro anjo; Lúcia - a cortesã depravada, excêntrica, que rejeita o amor e é um verdadeiro demônio. Seus traços físicos: cabelos e olhos pretos, a pele partida. Uma adualidade de caráter, ora anjo, um ideal de beleza, romântica; ora demônio, uma cortesã. Em "Lucíola" se encontra sutileza de vidas a um fino entendedor da sensibilidade feminina.

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Leia a notícia sobre José de Alencar: Cronistas do cotidiano
Para ler o artigo completo sobre os perfis das personagem femininas em José de Alencar, acesse: Perfis Femininos em José de Alencar: Um enfoque estilístico


Da obra de José de Alencar - Diva
A personagem central do romance de José de Alencar, Emília, é uma jovem mimada de família de classe alta, filha de um rico capitalista do Rio de Janeiro. Vive uma busca incansável por um marido mais interessado em amor do que em dinheiro.


Da obra de José de Alencar - Senhora
Aurélia Camargo é idealizada como uma rainha, como uma heroína romântica, pelo narrador. A protagonista do romance, uma jovem mulher dividida entre o amor e o ódio, o desejo e o desprezo pelo homem que ama. Moça pobre. É decente e apaixonada por Fernando Seixas. A decepção amorosa transforma-a numa mulher vingativa e fria, mas que não consegue disfarçar seu verdadeiro sentimento por Seixas. Seu comportamento é típico de uma esquizofrênica, já que se vê dividida entre sentimentos contraditórios até o final do romance. O amor parece ser sua salvação, redimindo-a de perder o homem que ama por causa de seu orgulho. De personalidade forte, carregada de sentimentalismo romântico. Daí sua contradição, sua personalidade marcada por extremos psíquicos: dá maior valor aos sentimentos, mas vale-se do dinheiro para atingir seu objetivo de obter o grande amor de sua vida, Fernando Seixas.


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Da obra de Aluízio Azevedo - O Cortiço
Rita Baiana é um dos personagens mais notáveis da literatura brasileira. Filha do realismo naturalista, é escrita com uma riqueza de detalhes visuais e sensoriais incríveis. Forte, apaixonada e politicamente incorreta, é absolutamente impossível não adorá-la. Sedutora e consciente de seus encantos, é maliciosa e faminta de vida, um diabo de saias. É sem dúvidas, a alma de O Cortiço, de Aluízio de Azevedo, embora não seja a protagonista. Ela não aparece desde o começo e nem está presente no fim, mas rouba a cena em sua aparição fulminante. Escrita em 1890, é uma mulher a frente de seu tempo. Ama a quem lhe aprouver, da forma que melhor lhe parecer. É deliciosamente livre e despida de amarras e preconceitos, é como a maioria de nós queria ser. É mulata decidida e generosa que enfrenta a vida de peito aberto, disposta a sofrer e gozar com a mesma intensidade. Fiel aos seus gostos e às suas paixões, a elas se entrega por inteiro.

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Para ler o artigo completo sobre os perfis das personagem femininas em José de Alencar, acesse: O papel da mulher em O Cortiço: in foco Rita Baiana

 


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