A literatura como espaço de prazer

Nome da Autora: Teresinha Maria Simonatto
Instituição: CEEBJA
Município / Estado: Francisco Beltrão
Conteúdo: Literatura
Série: Ensino Médio
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Relato

“Escrevo para seduzir pessoas e como escritor nunca me sinto só” (Inácio de Loyola Brandão).

A literatura é uma arte – a arte da palavra escrita. Fruto da sensibilidade e da inteligência humana, possui várias funções específicas, entre elas a de comprometer e engajar o autor e o leitor com a realidade.
Numa expressão de José Saramago: “A palavra escrita é apenas uma coisinha morta que esta aí, a espera de que a ressuscitem”. Através da leitura, o leitor compreende, interpreta a realidade, e atribui significações ao texto.
A leitura de literatura depende do poético que existe dentro de nós, dos elementos que nos rodeiam, das palavras que revelam emoções.
Nas aulas, os alunos vibram ao estabelecer relação entre o texto e a vida. Por meio da leitura eles se constituem como leitor e compreendem e interpretam a realidade, atribuindo, assim, significações ao texto. Ou seja, percebem que a leitura não é mera recepção, mas uma forma de refletir, analisar, criticar, concluir o texto.
A vida nos é revelada pela palavra, como expressa Cecilia Meireles:

“Ai palavras, ai palavras,
que estranha potência a vossa
todo o sentido da vida
principia a vossa porta”.

A literatura nos permite ter paixão pela vida e aguça a percepção do quotidiano - como o cheiro da grama molha, o pôr do sol alaranjado, o toque do companheiro, a lágrima de tristeza, o sorriso de alegria, o indignar com a injustiça, a luta pela sobrevivência. O olhar não se esgota no que se vê. O imaginário e as palavras dizem coisas que só o coração escuta.
Assim, ao trabalhar com a recepção literária, deve-se mostrar ao aluno que a partir da leitura e da estética do texto é possível ter conhecimento e compreender a realidade, bem como se ver incluso nesta realidade, podendo interferir nela. Ao se responsabilizar pela mudança, transformando o mundo, os alunos libertam-se. É nesta troca entre autor-leitor e o mundo que há a transformação, a mudança.
Perceber também que a literatura é uma das modalidades mais ricas ligadas à comunicação, é fundamental. Por meio da imagem, cinema, telenovela, escrita virtual, publicidade, é possível encontrar elementos de ficção e de poesia, linguagem estética e literária. Assim, esses outros recursos não corrompem nem edifica, trazem tanto o bem quanto pode trazer o mal, humanizam em sentido profundo.
Experienciar a literatura com alunos, trabalhadores, jovens e adultos, capazes de comparar, refletir, identificar enredos, gêneros, autores e épocas diferentes com sua história de vida, é algo realmente singular. É essa ligação lúdica com o texto, numa interação dinâmica, que provoca no leitor um banhar-se em universos além daqueles vividos pela sua existência, e que oferece oportunidades de ter experiências com outros significados. É uma relação sempre renovada e deslumbrante que o fazer e o dizer literário proporciona. São como novos ângulos de experimentação, são novas formas de agir e de pensar que se transcendentalizam no tempo e no espaço.
Uma vez fortalecida a ideia de que olhos que sabem ver sempre encontram textos abertos, ou procuram informações, é que se estabelece a vibração pelo saber literário.
É na leitura significativa, do significado e da estética que a transfiguração e emancipação do leitor em cada momento vivido ajuda a construir o mundo cada vez mais imprescindível.